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sábado, 23 de outubro de 2010

Lá se foram seis anos...

Quem hoje não mora mais na sua cidade natal por diversos motivos tem na sua memória o derradeiro dia do adeus. Por mais que a gente saiba que é o melhor que tem que se fazer, já arruma as malas convicto de que será melhor assim, pois uma vida melhor o aguarda, na hora da partida eu duvido que uma pessoa não tenha experimentado aquela sensação de quase arrependimento na hora exata que o motorista dá a partida...

Pois bem, queria deixar um post aqui no dia 14 de outubro deste ano. Neste dia fez exatamente 6 anos que saí de casa. Se existem dias que marcam a vida da gente, esse é um dos que jamais esquecerei...

Já era partida mais que anunciada. Um dos meus tios teve a idéia de fazer com que eu partisse bem cedo de casa para estudar numa escola muito bem conceituada na cidade de Viçosa (o COLUNI). Tinha que fazer uma prova, passar e arrumar as malas e ter um ensino num nível muito mais alto que minha cidade poderia oferecer.

Tudo bem, mas acontece que eu tinha somente 14 anos e ele que morava lá, ia partir no ano da minha então entrada. Pensei bem sobre o assunto e resolvi estudar para passar nesta prova, mas na hora de fazer inscrição eu não consegui imaginar fora da minha cidade naquela época.

Acabei adiando tudo, queria aproveitar mais dos meus dias na minha cidade e principalmente com minha família. Era muito cedo para sair assim de uma estrutura familiar. O preço eu paguei, mas mesmo assim considero os benefícios daqueles anos vividos em casa insuperáveis.

Mas o meu destino não era viver para sempre na minha cidade. Sempre soube disso e cada vez que o tempo avançava, sentia que mais perto estava da hora de ir embora. Neste meio tempo eu achava estranho, não consegui me imaginar longe de minha família e olhe que tem muita gente que vive para sempre no mesmo lugar de onde nasceu.

A diferença era que pra mim, novos objetivos estavam chegando e tomando conta da minha cabeça. Araçuaí ficara então pequena para o que eu queria fazer e novamente surge outra oportunidade para estudar fora, só que desta vez eu estava próximo de terminar o ensino médio.

A conversa era de ir durante o meio do ano para a casa de minha tia e estudar mais forte para os vestibulares do final de ano. Estava quase tudo certo, mas na hora eu dei uma amolecida e acabei adiando outra vez. O tempo passava e a conversa continuava viva até o momento que eu percebi que teria que sair antes dos meus planos que eram para o fim do ano.

Falei com minha mãe que queria sair, avisei meu tio que ia conversar com minha tia e depois ficou tudo acertado. Minha partida já tinha data marcada e procurava disfarçar um pouco isto com meus amigos para não senti remorso.

Este ano foi o ano que eu mais aproveitei naquela cidade. Visitei diversos lugares que nunca tinha ido, saí para tudo quanto é tipo de festa que me chamavam, fiquei mais extrovertido nos eventos que estava presente, procurei fazer amizades mais facilmente e fiz algumas coisas que quem que conhecera até então jamais poderia imaginar... Fiz tudo o que tinha vontade de fazer!

Mas chegou então o dia 14 de outubro de 2004. Acordei muito pensativo neste dia, parecia que meu corpo não queria ir. Visitei alguns amigos, fui à casa de alguns parentes, fiquei mais tempo em casa (parece contraditório) e parecia que ia me despedi de minha mãe e irmãos para sempre. Na verdade para sempre não era, mas as coisas nunca mais voltariam a ser como antes e parecia que eu já sabia...

O tempo foi passando e comecei a arrumar minhas malas. Parecia que aquele momento não teria fim. Não que fosse muita coisa para levar, mas minha cabeça estava imersa em pensamentos e cada movimento tornava-se mais vagaroso.

Mas a hora chegou e parti com minha mãe e irmã me acompanhando até o local de partida. Cheguei lá e aconteceu uma coisa estranha, não conseguia achar o bilhete da passagem. Claro que não fiz isto por querer, mas poderia adiar ainda mais a minha partida.

Porém, uma idéia veio na minha cabeça e perguntei ao motorista se ele tinha o número da mulher que eu peguei a passagem e como ele disse que sim, pedi para que ligasse e confirmasse meu nome na lista dos que iam sair para Belo Horizonte. Ele fez o que pedi e ficou tudo certo (e o pior é que depois descobri a passagem dentro de um de meus bolsos).

O ruim disto tudo é que com a aflição que me abatera eu não pude despedir direito e somente dei um abraço na minha mãe e irmã e tive que entrar no ônibus, já era hora da partida.

Até aí tudo bem, estava partindo com o coração meio pesado, mas a situação estava mais sob controle do que imaginei. Isto acabou quando o motorista ligou o ônibus e deu a partida. Meu coração gelou, olhei para a janela para dá uma última olhada na minha mãe e irmã e vi minha irmã chorando...

Tinha prometido que por mais triste que eu saísse, não ia chorar. Mas não teve jeito a cena é de arrebentar o coração e para não ficar mais emocionada, saí da janela e virei para frente. Depois de distanciar do lugar eu voltei a ter coragem de olhar pela janela de novo e via cada ponto de minha cidade sendo deixado para trás. Quando tudo começava a sumir de minha vista eu fiquei imaginando todos os momentos que vivera ali...

“E lá vou nesta estrada!” 
Gontijo: Viação Araçuaí x Belo Horizonte
"I miss that town
I can't believe it
So hard to stay
Too hard to leave it"

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