Olá! Seja bem-vindo. Hoje é
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sábado, 30 de outubro de 2010

Você quer estar no comando da política monetária?

Hoje eu lembrei de uma mensagem muita interessantes entre muitas outras que eu recebia quando era um membro do Nepom. O Nepom para quem não conhece é um grupo de estudantes que estuda a política monetária e seus desdobramentos na economia brasileira. Quem preferir conhecer melhor visite este link aqui.

Voltando ao assunto, recebi um e-mail de um dos membros do Nepom com a seguinte pergunta: Quer ser o presidente de um banco central por um dia? Achei estranho e resolvi dar uma olhada e deparei com um link que dava na página do Fed (Federal Reserve System) com o nome Fed Chairman Game.

Este jogo foi feito pelo Fed de São Francisco e serve para estudantes de Economia e mesmo os leigos tomarem o posto de presidente do Banco Central e tomar sérias decisões à respeito da política monetária e suas consequência na economia local neste simulador.

Para quem for leigo em economia, antes de começar o jogo é bom ir na guia "Learn more" e de lá você será endereçado à uma página que te instrui melhor sobre o qual é a função da política monetária e como a sua decisão de mudar a taxa de juros em alguns pontos percentuais (os famosos p.p.) afeta toda a economia.

Para resumir um pouco para quem não conhece bem o inglês ou pior ainda, o "inglês economês", aqui vai um pouco do que é importante no jogo. "Um aumento dos juros combate a inflação mas aumenta o desemprego. Queda dos juros aumenta inflação mas reduz desemprego." Mas não é assim tão fácil, assim como na economia real, neste jogo você será confrontado com situações difíceis e às vezes contraditórias quanto a adoção da política monetária (restritiva ou expansionista). São os famosos choques negativos  de oferta e de demanda que exigem uma destreza maior do comandante da política monetária. 

Assim como qualquer pessoa ou empresa o Banco central tem uma meta que no caso é a de inflação, mas para isto tem que manter baixa a taxa de desemprego, ou seja, manter a economia crescendo de maneira estável. Se você não der conta de manter a inflação dentro da meta estabelecida e/ou a taxa de desemprego igual a natural, você será fatalmente demitido.

Você será desafiado a se comportar como um economista de verdade e a usar suas habilidades para conduzir a política econômica do país. Sinta-se como se estivesse no lugar do Henrique Meirelles e veja como é importante determinar a meta da taxa Selic durante as reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM).

Leia minha mensagem assim que descobri o site e "tentei a sorte" neste joguinho:
"Fiz o teste e pelo visto parece que eu tenho uma maior "aversão a inflação"!
Na primeira tentativa fui demitido por causa da deflação (e em outras também), mas na maioria eu saí bem, venci o jogo e continuei no comando da política monetária hehe!
Ótimo joguinho."

E você? Quer ser o presidente do Banco Central por um dia?
Teste sua capacidade e sinta-se um Economista!


Tentativa frustrada 

Tentativa realizada com sucesso

Novos livros de Economia

Há algum tempo eu venho querendo colocar as novas versões dos bons livros de Economia para graduação. Quando fiquei me preparando para as provas da ANPEC eu busquei ler mais livros e descobri que este ano teve muitas atualizações do best-seller de Economia.

Dei uma folheada em alguns na Leitura (livraria) e vi que estão com temas atuais, como a crise financeira e outros assuntos que figuram no cenário econômico, além do avanço nas pesquisas. Foi muito bom perceber isto porque via que tinha alguns livros muito bons em teoria econômica, mas com uns assuntos ultrapassados e, além disso, sentia falta de algumas novas teorias a respeito de um determinado assunto na nossa ciência.

Eis aqui então alguns que eu encontrei com edição de 2010:
- Manual de Macroeconomia - Básico e intermediário - 3ª Ed. 2010
Autores: Luiz Martins Lopes e Marco Antônio Sandoval de Vasconcellos
- Macroeconomia - 7ª Ed. 2010 
Autor: N. Gregory Mankiw
- Microeconomia - 6ª Ed. 2010
Autores: Robert S. Pindyck | Daniel L. Rubinfeld 
- Economia Internacional - 8ª Ed. 2010
Autores: Paul Krugman e Maurice Obstfeld
- Economia de Empresas - Aplicações, Estratégias e Táticas - 11ª Ed. 2010
Autores: James R. MCguigan, R. Charles Moyer e Frederick H. Deb. Harris

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Descanse em paz bivó...

Hoje recebi uma notícia que abalou meu coração. Sofri a perda do ente da família por parte de pai que eu mais me identificava. Dona Helena, minha bisavó, faleceu neste último domingo e pude notar, mesmo a quilômetros, seu significado que ela tem em nossa família, na sua cidade e em todo Vale do Jequitinhonha.

Comigo ficará marcado seu caráter acolhedor com qualquer membro, vindo de onde vier. Pode parecer estranho, mas é muita gente com o sangue dos "Helena" (mais característico que o sobrenome) e muitos desarraigados apareciam como eu apareciam por lá para conhecê-la e ela acolhe a todos com o mesmo carinho dos que ela conhece e estão sempre presentes.

Lembro-me das visitas constantes quando ainda era uma criança bem pequenina e ia lá cumprimentá-la, ia para o quintal ou "terreiro" buscar frutas e voltava para conversar e ouvir histórias. Por não ter muito contato com minha família por parte de pai eu fiquei meio afastado assim que minha "ponte" até a casa dela mudou de cidade e fui afastando um pouco e só voltei a me aproximar novamente há poucos anos, mas felizmente vi que as coisas não mudaram. Continuava a mesma figura de sempre...

Mas D. Helena não representa muito só para mim. Além de ser uma das primeiras moradoras e talvez a maior "povoadora" da cidade (é fácil encontrar parentes), ela tem uma importância tremenda dentro da cidade. Foi uma das que lutaram pela expressão política e cultural do de Araçuaí e consequentemente de todo o Vale do Jequitinhonha, sendo uma figura amplamente conhecida nos meios culturais por lá. Desconheço quem não conhece D. Helena do "Arraial dos Crioulos" naquele canto (até um presidente foi visitá-la).

Minha bisavó tem uma história muito bacana de luta e conquistas e era tremendamente prazeroso ter uma matriarca da família assim, invejada e respeitada por todos. Vai ficar muita saudade, mas uma saudade boa pelo espaço de tempo que convivi com ela. Por menor que tenha sido, foi extremamente prazeroso.

Descanse em paz minha querida bisavó, mulher batalhadora, corajosa e ao mesmo tempo doce e singela. Tens um legado importante de vários filhos, netos, bisnetos (como eu) e tataranetos que nunca vão deixar esquecê-la. Não só pela sua importância, mas principalmente pelo caráter. O que você fez em vida soará   na eternidade...

Saudades eternas! 

Dona Helena e Seu Tião - Bodas de ouro em 1992

sábado, 23 de outubro de 2010

Lá se foram seis anos...

Quem hoje não mora mais na sua cidade natal por diversos motivos tem na sua memória o derradeiro dia do adeus. Por mais que a gente saiba que é o melhor que tem que se fazer, já arruma as malas convicto de que será melhor assim, pois uma vida melhor o aguarda, na hora da partida eu duvido que uma pessoa não tenha experimentado aquela sensação de quase arrependimento na hora exata que o motorista dá a partida...

Pois bem, queria deixar um post aqui no dia 14 de outubro deste ano. Neste dia fez exatamente 6 anos que saí de casa. Se existem dias que marcam a vida da gente, esse é um dos que jamais esquecerei...

Já era partida mais que anunciada. Um dos meus tios teve a idéia de fazer com que eu partisse bem cedo de casa para estudar numa escola muito bem conceituada na cidade de Viçosa (o COLUNI). Tinha que fazer uma prova, passar e arrumar as malas e ter um ensino num nível muito mais alto que minha cidade poderia oferecer.

Tudo bem, mas acontece que eu tinha somente 14 anos e ele que morava lá, ia partir no ano da minha então entrada. Pensei bem sobre o assunto e resolvi estudar para passar nesta prova, mas na hora de fazer inscrição eu não consegui imaginar fora da minha cidade naquela época.

Acabei adiando tudo, queria aproveitar mais dos meus dias na minha cidade e principalmente com minha família. Era muito cedo para sair assim de uma estrutura familiar. O preço eu paguei, mas mesmo assim considero os benefícios daqueles anos vividos em casa insuperáveis.

Mas o meu destino não era viver para sempre na minha cidade. Sempre soube disso e cada vez que o tempo avançava, sentia que mais perto estava da hora de ir embora. Neste meio tempo eu achava estranho, não consegui me imaginar longe de minha família e olhe que tem muita gente que vive para sempre no mesmo lugar de onde nasceu.

A diferença era que pra mim, novos objetivos estavam chegando e tomando conta da minha cabeça. Araçuaí ficara então pequena para o que eu queria fazer e novamente surge outra oportunidade para estudar fora, só que desta vez eu estava próximo de terminar o ensino médio.

A conversa era de ir durante o meio do ano para a casa de minha tia e estudar mais forte para os vestibulares do final de ano. Estava quase tudo certo, mas na hora eu dei uma amolecida e acabei adiando outra vez. O tempo passava e a conversa continuava viva até o momento que eu percebi que teria que sair antes dos meus planos que eram para o fim do ano.

Falei com minha mãe que queria sair, avisei meu tio que ia conversar com minha tia e depois ficou tudo acertado. Minha partida já tinha data marcada e procurava disfarçar um pouco isto com meus amigos para não senti remorso.

Este ano foi o ano que eu mais aproveitei naquela cidade. Visitei diversos lugares que nunca tinha ido, saí para tudo quanto é tipo de festa que me chamavam, fiquei mais extrovertido nos eventos que estava presente, procurei fazer amizades mais facilmente e fiz algumas coisas que quem que conhecera até então jamais poderia imaginar... Fiz tudo o que tinha vontade de fazer!

Mas chegou então o dia 14 de outubro de 2004. Acordei muito pensativo neste dia, parecia que meu corpo não queria ir. Visitei alguns amigos, fui à casa de alguns parentes, fiquei mais tempo em casa (parece contraditório) e parecia que ia me despedi de minha mãe e irmãos para sempre. Na verdade para sempre não era, mas as coisas nunca mais voltariam a ser como antes e parecia que eu já sabia...

O tempo foi passando e comecei a arrumar minhas malas. Parecia que aquele momento não teria fim. Não que fosse muita coisa para levar, mas minha cabeça estava imersa em pensamentos e cada movimento tornava-se mais vagaroso.

Mas a hora chegou e parti com minha mãe e irmã me acompanhando até o local de partida. Cheguei lá e aconteceu uma coisa estranha, não conseguia achar o bilhete da passagem. Claro que não fiz isto por querer, mas poderia adiar ainda mais a minha partida.

Porém, uma idéia veio na minha cabeça e perguntei ao motorista se ele tinha o número da mulher que eu peguei a passagem e como ele disse que sim, pedi para que ligasse e confirmasse meu nome na lista dos que iam sair para Belo Horizonte. Ele fez o que pedi e ficou tudo certo (e o pior é que depois descobri a passagem dentro de um de meus bolsos).

O ruim disto tudo é que com a aflição que me abatera eu não pude despedir direito e somente dei um abraço na minha mãe e irmã e tive que entrar no ônibus, já era hora da partida.

Até aí tudo bem, estava partindo com o coração meio pesado, mas a situação estava mais sob controle do que imaginei. Isto acabou quando o motorista ligou o ônibus e deu a partida. Meu coração gelou, olhei para a janela para dá uma última olhada na minha mãe e irmã e vi minha irmã chorando...

Tinha prometido que por mais triste que eu saísse, não ia chorar. Mas não teve jeito a cena é de arrebentar o coração e para não ficar mais emocionada, saí da janela e virei para frente. Depois de distanciar do lugar eu voltei a ter coragem de olhar pela janela de novo e via cada ponto de minha cidade sendo deixado para trás. Quando tudo começava a sumir de minha vista eu fiquei imaginando todos os momentos que vivera ali...

“E lá vou nesta estrada!” 
Gontijo: Viação Araçuaí x Belo Horizonte
"I miss that town
I can't believe it
So hard to stay
Too hard to leave it"

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Jequitivale, uma canção do Vale do Jequitinhonha

Neste post eu vou discutir uma das músicas mais aclamadas pelos "filhos do Jequitinhonha" e pelas pessoas que admiram o Vale do Jequitinhonha. Trata-se da música Jequitivale, escrita pelo cantor e compositor nascido em Minas Novas - MG (cidade do Vale do Jequitinhonha) Mark Gladston Nunes e Sousa, o Verono. Esta música está contida no CD intitulado "Divera", lançado em 2005.

Este cantor que poderia ser um dos maiores expoentes do Vale morreu num trágico acidente de carro na cidade de Virgem da Lapa com apenas 26 anos. depois de ter realizado um show na cidade. Mas nada de lamento neste post, pois este pacato músico mineiro deixou lindas canções que ecoarão na eternidade, fazendo-o imortal.

Jequitivale é uma canção que caiu inteiramente no gosto de todos os habitantes e por aqueles que viveram ou passaram pelo Vale do Jequitinhonha. A razão para isto ter acontecido é que esta música retrata de uma forma pura e simples o amor que este compositor tem por sua região. A letra também retrata muito bem o cotidiano dos habitantes do Vale e cada passagem desta canção nos remete um pouco ao "jeito Vale de viver".

A música começa descrevendo o habitante típico do Jequitinhonha ao dizer "Você que anda com o pé rachado e com a palha atrás da orelha". Este é aquele cidadão típico que mora em pequenas cidades e vilarejos meio que "distantes da civilização" ou da modernidade. Isto é uma parte marcante nas regiões com a economia pequena e basicamente rural. Este cidadão que anda com o pé rachado, ou seja, descalço ou com calçado que mal lhe cobre o pé e com o velho cigarro de palha na orelha são os habitantes mais velhos que ainda trazem consigo as características e o modo de viver de seus pais, avós, bisavós, etc.

A canção continua na mesma estrofe dizendo assim "Com a aba do chapéu na testa e se vira da noite pro dia". Esta parte da música continua chamando a atenção para a descrição dos cidadãos do Vale ao colocar outras caracteríticas pertencentes a muitos habitantes desta mesorregião mineira. A parte "se vira da noite pro dia" ainda é um desafio para descrever, pois não sei se é simplesmente mais algo para demonstrar o cotidiano (acho mais plausível) ou se denota preocupação (o que não seria um traço caracterítico...).

Depois da primeira estrofe ele começa com "Você que banha no Fanado e que tira ouro de bateia". Aí entra outra característica arraigada em todo Vale do Jequitinhonha, o costume de banhar (tomar banho ou nadar) em algum dos diversos rios ou ribeirões que banham este Vale. Mas não é só isto que talvez esta parte quis buscar, tem também o aspecto que boa parte da vida dum cidadão do Vale é vivida na beira de um rio. Atividades como brincar, tomar banho, lavar roupas e vasilhas, pescar e muito mais coisas fazem dos habitantes do Vale verdadeiros peixes e quem sai de lá sempre sente saudade daquele rio ou ribeirão que passava perto de sua casa... No caso específico ele está falando sobre o Rio Fanado que é um dos rios que banha a sua cidade e que ele deve ter usufruído.

Há que se notar também uma característica posta na letra da música que é a forma que muitos habitantes até hoje procuram metais. Tirar ouro de bateia é um modo primitivo de se extrair ouro dos ribeirões e era assim que antigamente extraía ouro do Brasil a mando da coroa portuguesa. Os rios do Vale do Jequitinhonha eram rios que se podiam encontrar diversos metais preciosos, inclusive o ouro, trazendo diversos pessoas para o seu garimpo em busca de riqueza. Tem-se daí o começo da povoação do Vale pelos europeus e a busca por metais preciosas nos moldes antigos ainda persiste em alguns habitantes ribeirinhos nesta região.

Na terceira estrofe o autor coloca "Desculpe seu doutor mas receba os cumprimentos meus" "Eu fico com a filosofia do mestre João de Deus". Nesta estrofe podemos notar o jeito simples do cidadão do Vale no modo de se expressar com os outros e que prefere o simples ao complexo. Não sei quem é João de Deus, mas deve ser mais uma daquelas pessoas com idade avançada e com muita experiência para passar aos jovens. É comum ter nestas cidades alguma pessoa com mais idade que saiba se expressar sabiamente com a população e tem o respeito de todos, tendo assim uma garnde influência na população.

A quarta estrofe descreve o seguinte: "A saudade me maltrada e me faz olhar no calendário" "Pra ver se faltam poucos dias pra ouvir o tambor do rosário". Esta parte é a que chama a atenção de todos "filhos do Jequitinhonha", mas que por diversos motivos saíram do Vale em busca de novas conquistas. Vê-se o autor descrevendo uma festa que é a mais popular na sua cidade e que ele deveria gostar muito. Em cada cidade do Vale do Jequitinhonha tem pelo menos uma grande festa que é normalmente um evento cultural e/ou religioso (não sei se dá para separar as duas coisas) e que atrai diversos turistas e àqueles que nasceram e cresceram nestas cidades. As festas populares do Vale é uma oportunidade e convite para todos aqueles que se ausentaram de sua terra natal voltarem as suas raízes.

Outras coisa que vale a pena notar é a herança cultural vinda principalmente da cultura indígena e africana. Quem conhece o Vale vê que sua gente é em sua maioria cafuza, ou seja, mistura de negro com índio. A razão disso é que os povos indígenas do Vale do Jequitinhonha não aceitaram pacificamente a dominação portuguesa e resistiram bravamente para ficar na sua terra e muitos negros fugiam da escravidão e formaram quilombos ou pequenos vilarejos pelo Vale. Nota-se então uma grande presença da cultura negra e indígena na região junto com a religiosidade também marcante no Vale.

Por último e para fechar esta maravilhosa canção ele canta o seu amor pelo Vale num refrão que é hoje o mais cantado nas festas e reuniões do povo deste lugar:

"Vale que vale cantar
 Vale que vale viver
 Vale do Jequitinhonha
 Vale eu amo você"

Dizer o quê deste refrão? Para quem nasceu no Vale do Jequitinhonha ele é auto-explicativo, mas para aqueles que nasceram em outros lugares e veio parar aqui eu digo que este refrão demonstra o carinho e consideração que todas as pessoas que vivem neste lugar ou que nasceram e não moram mais lá e também aqueles que não estão nestas duas hipóteses principais, mas que de alguma maneira admiram este lugar.

Foi um grande presente que o Verono nos deixou e quem ainda não conhece esta canção ou simplesmente não cansa de ouvir. Estou disponibilizando o vídeo abaixo de um dos shows que Verono fez cantando esta música. Ouça, duvido que não vão gostar...


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Copom mantém taxa Selic em 10,75% ao ano

Em nova reunião nesta quarta-feira, 20 de outubro de 2010, os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) decidiram por unanimidade manter a meta para a taxa Selic em 10,75% a.a.

Comunicado oficial no site do Banco Central do Brasil:
"Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,75% a.a., sem viés."

E os membros do Nepom mais uma vez se anteciparam bem a decisão do comitê numa apresentação nesta última segunda-feira, prevendo com o modelo econométrico Probit a manutenção da Selic em 10,75% a.a. 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Selic e sua importância para a economia brasileira

Quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) se reúne para decidir uma meta para a taxa Selic, todos no mercado ficam apreensivos a respeito da decisão de subir, reduzir ou manter estável a Selic até a próxima reunião do comitê.

Os jornais dão maiores ênfase a esta taxa e tanto os especialistas no assunto quanto os leigos passam a dar maior importância a Selic nestes dias. Não é para menos, é através desta taxa que o Copom “controla” a inflação, atividade econômica, crédito e outras variáveis cruciais que impactam no futuro do país e no nosso bem-estar.

Passada a reunião a Selic fica meio que esquecida do cotidiano das pessoas comuns e talvez devido a esta sazonalidade, poucas pessoas compreendem efetivamente o significado que uma decisão do Copom acerca da Selic afeta o dia-a-dia de cada um deles.

A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é a nossa taxa de juros básica da economia e serve de referência nos contratos entre poupadores e tomadores de empréstimo. É a taxa de financiamento no mercado interbancário para operações de um dia, ou overnight, que possuem lastro em títulos públicos federais e são negociados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia.

Por ser uma taxa lastreada em títulos públicos e de curtíssimo prazo, a Selic acaba refletindo o risco do governo, que é mínimo, e serve como base para as outras taxas que os bancos aceitam receber como remuneração do seu capital. Como os bancos são majoritariamente os intermediários entre poupadores e tomadores de recursos, a Selic também serve como a taxa básica para toda a economia. 

A razão é simples, numa operação em que um tomador aceita pagar uma taxa menor ou igual à Selic, seria melhor aplicar o dinheiro em títulos públicos (que pagam aproximadamente o mesmo que a Selic e é livre de risco) do que emprestar o dinheiro num negócio que pagaria a mesma taxa (ou aproximadamente), mas que o tomador corre os riscos inerentes ao negócio e pode vir a não poder honrar o compromisso.

Então, quando dizemos que a Selic serve como a taxa básica de juros, o motivo está na sua concepção de ser uma taxa amplamente usada e livre de risco. Logo, a remuneração que qualquer emprestador de última instância irá requerer do seu capital, equivale à taxa Selic mais o risco que o tomador tem de não poder pagar pelo empréstimo.

É através deste mecanismo de “contaminação” dos juros que a Selic é tão crucial nas nossas vidas. Com a Selic num patamar baixo, o custo do empréstimo fica mais barato e tanto as firmas quanto os indivíduos tendem a contrair mais empréstimos. No caso das firmas elas podem expandir a capacidade instalada, investir em novos negócios e investir em novos equipamentos e os indivíduos contraem mais empréstimos para adquirir bens e serviços. 

O efeito de um corte na Selic é evidentemente expansivo para a economia, mas tem que se tomar cuidado com esses efeitos. Se a atividade econômica situa-se no pleno emprego (situação em que todos os fatores de produção estão plenamente empregados) ou acima dele, um corte na Selic terá efeitos inflacionários. 

A razão disso é que as firmas estarão produzindo na sua capacidade máxima e com a facilidade de crédito, a demanda por produtos e serviços mantém-se alta e as firmas sobem os preços para ajustarem-se a nova quantidade demandada em virtude do superaquecimento da economia. 

Este efeito pode durar muito tempo se a economia continuar superaquecida e estaremos assim numa economia que toda a expansão do crédito poderá refletir-se em aumentos de preços. Inflação alta e persistente corrói o sistema de preços e causa instabilidade econômica, como aprendemos durante um longo tempo da história deste país e sabendo disso será prudente que o Copom opte por aumentar a Selic.

O aumento da Selic terá efeito contrário a uma expansão, mas se a atividade econômica estiver acima da de pleno emprego, este aumento do custo do empréstimo poderá ter efeitos benéficos ao diminuir o ritmo de expansão do dinheiro e fazendo com que a economia volte ao nível de pleno emprego (que é o máximo sustentável que se pode alcançar).

Logo, aumentar ou reduzir a nossa taxa básica de juros terá efeitos importantes sobre a atividade econômica e consequentemente sobre o presente e futuro de cada habitante deste país ao determinar o nível de emprego/desemprego. É claro que se a taxa vigente for àquela condizente com o pleno emprego, o Copom poderá decidir sobre a manutenção da Selic ao nível atual.       

Com este texto simples e mesmo que incompleto eu quis passar um pouco da importância que a decisão desta semana do Copom sobre a meta da taxa Selic terá sobre as nossas vidas. Espero que tenha clareado um pouco sobre este assunto “obscuro” que não é tratado com a devida importância pelos nossos meios de comunicação.     

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Nova apresentação do NEPOM

Hoje, dia 18 de outubro de 2010, temos uma nova reunião do NEPOM (Núcleo de Estudos em Política Monetária) às 19:00 h. O NEPOM é um grupo de alunos do Ibmec de Minas Gerais que através de um estudo prévio e com ferramentas estatísticas; procura antever a decisão do COPOM (Comitê de Política Monetária) acerca do novo patamar da SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia).

Sempre às segundas-feiras antes das reuniões do Copom que acontecem nas quartas e quitas-feitas é elaborada uma apresentação dos membros do Nepom em que é apresentada a conjuntura econômica atual segundo cada tema na apresentação. 

Os temas são Inflação, Crédito e Open Market, Atividade Econômica e Mercado de Trabalho, Comércio Exterior, Ambiente Externo, Setor Governamental e depois destas apresentações, a Previsão.

Tudo é feito para que o público presente que seja leigo no assunto aprenda como é que o Copom fundamenta sua decisão acerca da SELIC, ou seja, através do monitoramento contínuo do ambiente interno e externo. É a partir da observação do cenário interno e externo que os membros do Nepom fundamentam o resultado do modelo.

Já fiz parte deste grupo e garanto que foi uma das melhores experiências que tive na vida. Minhas apresentações foram nas áreas de Crédito, Inflação e Comércio Exterior. Aprendi a acompanhar as notícias referentes à economia com uma visão bem mais crítica e menos passiva do que era antes e fazer uma apresentação que era destinada a tudo quanto é tipo de público foi enriquecedor.

O convívio e a troca de experiências com os alunos que fizeram parte do grupo enquanto eu fazia parte deste grupo foi maravilhoso. Todos eram muito inteligentes e qualquer problema que você tivesse com algum conceito ou coleta de dados, era só pedir ajuda dos mais experientes (do qual fiz parte depois) ou então ir direto ao nosso coordenador.

Quem tiver um espaço na sua agenda nesta segunda-feira às 19h00min eu garanto que não vão se arrepender de ir ver a apresentação do Nepom. Por um lado o rumo da taxa SELIC é muito importante para estabilizar a economia e depois desta reunião você saberá muito mais da importância da SELIC (o que pouca gente sabe). Por outro lado a apresentação sobre a conjuntura econômica geral é uma verdadeira aula de economia dada por alguns poucos, mas dedicados estudantes de Ciências Econômicas do IBMEC-MG.

Quem não puder ir, peço que entre na página do Nepom e veja lá as apresentações que serão feitas antes das reuniões do Copom. Sempre há apresentações quando as reuniões estão dentro do período letivo dos alunos, então se agende e sempre que souber de uma reunião do Copom, veja se haverá uma apresentação do Nepom para se manter mais informado. 

Local: Rua Rio Grande do Norte, 300 - Santa Efigênia
Belo Horizonte - MG, 30130-130 [visualize aqui]
Horário: 19 às 20 h
Procurar informações na portaria.
  

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Prêmio Nobel de Economia 2010

Anúncio oficial da Real Academia Sueca de Ciências:
"The Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel 2010 was awarded jointly to Peter A. Diamond, Dale T. Mortensen and Christopher A. Pissarides 'for their analysis of markets with search frictions'." [link]

Temos novos vencedores do Nobel de Economia. A Real Academia Sueca de Ciências anunciou  hoje os ganhadores do Nobel  em 2010: Peter A. Diamond, Dale T. Mortensen e Christopher A. Pissarides.

Os economistas que ganharam o prêmio este ano tiveram suas contribuições na ciência econômica fundamentadas no mercado de trabalho. O método de análise dos premiados consiste em explicar como as políticas e as normas regulatórias afetam a mecância do emprego/desemprego e salários.


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Jequitinhonhês

Depois de algumas conversas com alguns colegas que já me perguntaram o significado de algumas palavras "novas" que eu soltei no ar, resolvi elaborar um post com algumas palavras regionais. Nosso vocabulário 'jequitinhonhês' é vasto e, principalmente na minha infância eu lembro que conversava de um jeito totalmente diferente do que falo hoje. Antes de entrar para a escola, entre as crianças a gente comunicava com o vocabulário dos nossos avós ou bisavós que por não serem totalmente alfabetizados, tinham um dialeto só deles.

Resolvi então desafiar os leitores que não façam parte de minha mesorregião à tentar decifrar algumas palavras típicas do lugar, mas desconhecida pelas bandas do sul. Algumas palavras eu creio ser comum em pequenos vilarejos do nordeste também, afinal já pertencemos a Bahia também.

Lembro-me de uma reportagem com uma senhora que contava 'causos' na cidade e na entrevista ela conversava de um jeito tão diferente aos demais que foi necessário colocar legenda na entrevista. Creio que foi um exagero, não é tão diferente assim também nossa maneira de falar e acho que a maior dificuldade na entrevista estava na maneira 'embolada' que ela falava. Ninguém consegue falar com a mesma destreza quando chega a velhice, ainda mais no estado que ela se encontrava. Se encontrar a entrevista eu coloco aqui, mas segue algumas palavrinhas aí que duvido que alguém que não seja de lá conheça todas:

- Alguém aí já soltou raia?
- Alguém aí, quando criança, já brincou de china?
- Alguém aí já chupou uma tamaracá?
- Alguém aí ribuça durante a noite?
- Alguém aí já pescou com caçota?
- Alguém aí adorava ficar de cocado?
- Alguém aí já se deliciou com as sementes do sequeitano?
- Alguém aí já fez alguns burriscos quando criança?
- Alguém aí já inrabou atrás de outra pessoa?
- Alguém aí já levou seu filho na cacunda?
- Alguém aí, como eu, foi uma criança malina?
- Alguém aí já brincou de pique-trisca?
- Alguém aí já apaixonou por uma chuparinha?
- Alguém aí já chupou um chupe-chupe?
- Alguém aí já comeu semente jiribibi para ficar mais forte?
- Alguém aí tem uma nica para emprestar?
- Alguém aí já viu um meleto?
- Alguém aí já correu de um batedor?
- Alguém aí conhece um pai de cobra?
- Alguém aí já pegou uma maria-mole?
- Alguém aí apertou a uma campainha e deu linha?
- Nisturinha te lembra alguma coisa?
- Quem tupia comigo na corrida?
- Alguém aí já "furou o olho" de outra pessoa? (esta frase aqui eu prefiro explicar logo porque parece que "furar o olho" pra gente tem um significado diferente. Ao escultar aquela famosa música do cantor Latino eu fiquei sabendo que o tal "fura olho" aqui é quem fica com a mulher alheia. Pois bem, para a gente isto não tem nada a ver porque o "fura olho" nosso é alguém que vende uma mercadoria por um preço muita acima do que ela valeria, enganando assim o comprador. Trair com a mulher do companheiro aqui tem outro nome: "cortar as pernas". Não me perguntem porque, "só sei que é assim". 

Existem outras palavras que assim que entrarem na minha memória eu aumento este post. Ou veja mais aquiaqui

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Para descontrair

Vejam só um texto que eu descobri a algum tempo na internet. Uma piada de Economista muito boa.


Cantada de Economista

Sabe como acontece o início de um relacionamento entre dois economistas, em uma festa em Brasília? O economista olha para a economista e decide que se aproximar é um bom negócio. Então ele diz: 

— Oi, gata... Sabia que você é o melhor investimento dessa festa?
— Se você está procurando aplicações de curto prazo, pode reduzir seus gastos com as palavras. Sou uma mulher de renda fixa!
Então o economista percebe que deve aumentar seu capital de risco:
— Gosto de mulheres assim. Oferecem mais segurança. Essas palavras só garantiram sua valorização!
A economista, nervosa, remexeu uns papéis na bolsa e subscreveu um lote de desconfiança.
— Quer dizer que minha cotação não caiu?
Ele sorri, um sorriso cheio de superávit.
— Pelo contrário! Eu já não consigo conter a inflação dos meus sentimentos... Juro!
— De quanto?
Ele cochichou-lhe qualquer coisa no ouvido e ela arregalou os olhos. Com certeza, há tempos não encontrava um homem oferecendo taxas tão altas. Insegura, oscilando como as variações da TR, ela permaneceu em silêncio e ele foi em frente, decidido a obter seu quinhão.
— Você parece triste, em déficit com a vida. Seu IBV médio está em baixa?
— É claro. Há um grande desequilíbrio entre a oferta e a procura — disse ela — os homens não parecem interessados em aplicações a longo prazo. Além disso, sofri uma queda e tive um corte no orçamento.
— Escuta. Por que não saimos daqui? Vamos lá para o meu apartamento? Acho que poderemos fazer um belo programa... De ajuste fiscal.
— Isso é muito commodities pra você!
— Ora vamos! Prometo não lhe envolver em ações ordinárias.
Enquanto ela fazia a conversão da dívida, ele aumentou os incentivos:
— Percebo, pelas projeções dos meus desejos, que temos um grande mercado futuro pela frente. Podemos até adotar um redutor.
Era o que ela precisava ouvir para que a noite rendesse dividendos e bonificações. Ao chegarem a casa, ele, como bom investidor, não perdeu tempo e remunerou o ouvido dela com um pedido:
— Posso transferir alguns recursos líquidos?
Ela o empurrou.
— Você está muito ativo. Respeite ao menos minha poupança interna.
Ele, porém, não estava ali para ficar ouvindo sermões e pregões e, antes que ela resolvesse iniciar uma negociação que sabe-se lá quando terminaria, ele aproximou-se e disse baixinho:
— Sabe do que eu gostaria? De botar no teu fundão!
Ela transferiu suas ações (preferenciais) para o fundo e entregou-se como cheque ao portador:
— Tudo bem, mas desde que o seu PIB pare de crescer!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Por que alguns Economistas são contra o salário mínimo

Quando alguns Economistas aparecem na televisão dizendo que é contra o aumento do salário mínimo acima de um determinado nível, algumas pessoas pensam que eles não tem coração. Como eles são contra uma medida que beneficia a população, especialmente os mais pobres?

Não é bem assim que as coisas funcionam. O salário mínimo foi criado e idealizado como uma medida "obrigar" o mercado dá uma remuneração mínima de sobrevivência "digna" ao trabalhador. Só em usar a palavra digna dá margem para divergências, afinal o "digno" varia entre as pessoas e o poder de compra de uma moeda não é o mesmo neste país imenso e heterogêneo.

O salário mínimo ótimo seria só no teórico e muitos Economistas são vigorosamente contra a instituição de um salário mínimo. Segundo eles, o mercado por si só seria capaz de garantir uma alocação eficiente que mesmo na pior da hipóteses, não seria tão ineficiente quanto o estabelecimento de um salário mínimo. Há os prós e os contras e o intuito deste tópico não é debater sobre o tema.

O que eu quero defender aqui é que não é por serem "maldosos" ou "sem coração" que alguns acham ridícula as constantes propostas eleitoreiras do PCO e se contorcem todos com as propostas de aumento nos anos de eleições.

Há muitos empregadores que contratariam alguns trabalhadores a um salário menor e para algumas regiões onde a qualificação da mão-de-obra e o dinamismo do mercado é relativamente pequeno, este salário torna-se proibitivo e leva muita gente a trabalhar no setor informal ou a burlar as regras vigentes. Isto pode está gerando uma alocação sub-ótima. Afinal, não deveria ser o patrão e o empregador que deveriam combinar a remuneração?

Muitos argumentam que o empregado tende a ser dispreviligiado numa negociação livre como esta por ter menos poder de barganha. Não vou contestar tal afirmação, mas será que o desemprego seria a melhor opção para o bem-estar do trabalhador?

Existem os programas de transferência de renda para complementar a renda das pessoas pobres, na maioria do caso desempregadas. Esta política poderia ser melhor do que a instituição de um salário mínimo, pois aumentaria a demanda por mão-de-obra menos qualificada e poderia aumentar assim a oferta de bens e serviços, aumentando a renda e o bem-estar da população. 

Claro, teria que fazer um estudo detalhado para poder atestar tal afirmação, mas no que aprendi nos textos de equilíbrio geral, transferências de renda não mudam a alocação eficiente. Claro que o contexto é diferente do que foi proposto aqui.

Não acho um programa como o de transferência de renda uma solução para o problema, mas pode vir a ser menos ruim do que a atual que leva diversas pessoas ao desemprego ou a informalidade (que também é culpa da alta carga tributária e excesso de burocracia). Há também o problema do incentivo a não trabalhar para as famílias que recebem transferência de renda, mas acho (bem no achômetro) que não deve ser tão proibitivo quanto comentam (desde que não passe de um certo nível).

O que é consenso, ou pelo menos deveria ser, é que o que determina o salário que o empregador vai pagar ao empregado é a produtividade deste trabalhador que nada mais é do que o valor gerado pelo emprego desse trabalhador numa determinada atividade. Ou seja, programas de qualificação de mão-de-obra devem surtir melhores efeitos do que uma lei de salário mínimo aos menos qualificados.

Pode parecer, mas não sou contra o salário mínimo e nem a favor. Entendo alguns pontos defendidos por cada parte sobre o tema, mas não me considero alguém que possa ter uma visão definida sobre o assunto por não ter visto os argumentos serem testados empiricamente.

O quero deixar claro é que há uma visão defendida por parte de alguns que pensam sim no bem-estar dos "mais fracos", só que de um modo diferente e "deselegante" do que o outro lado, alimentado pelo fanatismo de alguns.

Por fim quero mostrar este vídeo que pode ser bem mais útil aos leigos em economia (como ciência). É um trabalho amador, mas até que ficou bem feito pelo Fonft Economia. Espero que entendam...      



Aproveitando uma velha frase:

"Os ramos da política, ou das leis que regem a vida social, nos quais existe uma variedade de fatos bastante selecionados e que foram organizados metodicamente para formarem o princípio de uma ciência, devem ser ensinados com conhecimento de causa. Entre os principais figura a Economia Política, as fontes e as condições da riqueza e da prosperidade material para os conjuntos agregados de seres humanos. [...]

Quem menospreza a Lógica também vai advertir o leitor, de modo geral, contra a Economia Política. É insensível, dirão. Reconhece fatos desagradáveis. De minha parte, considero que a coisa mais insensível que conheço é a lei da gravidade: quebra o pescoço da melhor e mais amável pessoa, sem o menor escrúpulo, se ela esquecer em algum momento de lhe dispensar a devida atenção. Os ventos e as ondas também são insensíveis. Você aconselharia quem sai ao mar a navegar os ventos e as ondas... ou recomendaria aproveitá-los, e encontrar os meios de se precaver contra seus perigos? Meu conselho é estudar os grandes autores da Economia Política, e se apegar com firmeza ao que considera verdadeiro em seus textos; e ter a certeza de que, se você não é egoísta nem desumano, não será a Economia Política que o tornará assim."

- John Stuart Mill (1867)

domingo, 3 de outubro de 2010

O que me falta fazer?

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já quis ser jogador de futebol, astronauta, mágico, pescador, músico e agricultor. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já chorei ouvindo música. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que elas são difíceis de esquecer. Já subi em árvore pra roubar fruta por diversas vezes. Já caí de uma árvore. Já atravessei um rio a nado. Já matei aula. Já assinei o famoso livro de ocorrências. Já fui suspenso da escola. Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já participei de cantigas de roda. Já pulei amarelinha. Já brinquei de china (ou bolinha de gude em outros lugares). Já soltei raia (papagaio em outros lugares). Já pulei fogueira. Já dancei quadrilha. Já tive ressaca. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já fiquei a observar os primeiros e os últimos raios de sol. Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro. Já tremi de nervoso. Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Já perdi pessoas especiais para sempre.Já tive sonhos que se realizaram. Já fiz coisas impensáveis.

O que me falta fazer então?

*Como diria o Cérebro ao Pink:
- Eu quero dominar o mundo! :-) :-) :-)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Biblioteca 24 horas: Como seria a alocação eficiente?

Para quem não sabe, existe algumas bibliotecas que oferecem seus serviços 24 horas por dia, ou seja, estão abertas a qualquer hora do dia (no caso da que eu vou independe de ser domingo ou feriado).

Com o ritmo de estudos que estou precisando estabelecer, ter uma biblioteca que funcione nestes moldes, e principalmente perto de casa, ajuda consideravelmente a estudar. Não que eu estude 24 horas por dia, mas porque independentemente da hora que eu possa estudar, lá vai estar aberto para que eu possa ir e usufruir o espaço. 

Isto ajuda muito, pois já tive que parar de estudar por diversas vezes por ter dado a hora de encerrarem os serviços na minha faculdade. Alguns estudantes são extremamente "necessitados" dos serviços de uma biblioteca por não terem o ambiente e recursos necessários a um bom rendimento nos estudos em suas respectivas moradias. Os recursos necessários são os livros, computadores espaço, silêncio, etc., todos essensiais para um bom desempenho do estudante.

Pode ser meio pretensioso, mas penso que a oferta deste serviço poderia ser aumentada. No lugar onde eu fico sempre fica superlotado e há diversos improvisos do lado de fora da biblioteca, o que indica que há excesso de demanda para este serviço. Não sei bem como isto modificaria a estrutura de custos de uma faculdade, onde eu fico tem uma parcela enorme de estudantes que não são alunos da instituição e estão nitidamente pegando "carona" no serviço, como eu por exemplo.

Pela quantidade de pessoas que frequentam o espaço, este bem (na verdade serviço) de recurso comum (termo usado na Ciência Econômica para bens não excludentes, ou seja, não há como privar um indivíduo de seu uso - não há impedimentos ao uso de um biblioteca - e rival, ou seja, o uso do bem ou serviço pode eliminar a possibilidade de que alguém mais possa usá-lo - no caso a lotação) está sendo oferecido em quantidade  insuficiente pelo mercado e seria bom que houvesse mais instituições públicas ou privadas fornecendo este serviço.

No caso deste serviço, pelas suas características intrínsecas, a alocação privada deste recurso pode levar a um fornecimento ineficiente deste bem e há espaço aqui para o governo melhorar o resultado de mercado e aumentar o bem-estar dos geral, especialmente dos estudantes.

O caso clássico do uso de uma bem de recurso comum conhecido é a tragédia dos comuns, situação resolvida com a atribuições de direito de propriedade, ou seja, torná-lo privado ou como no caso das rodovias superlotadas na Inglaterra, cobrar pedágios nos horários de pico.

Penso que a situação de uma biblioteca não seria eficiente do ponto de vista do bem-estar a primeira alternativa. A solução deste problema nos primeiros moldes seria impedir a entrada dos "não alunos" nas instituições privadas e acharia um absurdo se fizessem isto numa pública. A segunda solução poderia até ser plausível, ou seja, cobrar ingresso nos horários onde a biblioteca fica lotado poderia melhorar o resultado de mercado.

Agora, pensando bem, não concordo muito com a segunda alternativa. No meu ponto de vista, o que há aqui é problema do lado da oferta. Penso que neste caso o governo poderia melhorar sim o resultado de mercado através de incentivos ao maior fornecimento deste serviço. Poderíamos fazer com que mais instituições fossem mais "tentadas" a oferecer este serviço reduzindo algum imposto (o que doeria no "bolso" dos agentes públicos) ou simplesmente dando uma nota maior nas famosas avaliações do MEC (Ministério da Educação) às instituições que oferecessem este serviço. Creio eu que seria um bom incentivo (duvido que ele exista). É importante também garantir que não vai haver um excesso de oferta do produto, até porque neste nosso país a demanda por estudos extra não é tão grande assim... 

Eu estou aproveitando bastante e fico pensando o tanto que minha vida acadêmica poderia ter sido facilitada se este serviço fosse oferecido a mais tempo no mesmo local e pela característica dos alunos da minha faculdade (pelo menos os de Economia), não seria nada mal ter este tipo de serviço...

O que importa é que estou usufruindo agora enquanto é tempo e espero que minha próxima instituição ofereça este serviço porque já sei que vou precisar bastante dele.

Leia a notícia.

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Infelizmente este serviço deixou de existir no local indicado (era a biblioteca da Izabela Hendrix). A última notícia que tive é que o serviço deixou de ser ofertado em Belo Horizonte =(

Crises Financeiras

Terminado a rotina de estudos e voltando a velha rotina de lidas de assuntos interessantes, deparei com uma nova publicação do professor Mankiw em seu blog sobre macroeconomia. É um livro de Macroeconomia Intermediária que claro, ainda não conheço, e como parece ser de praxe deste professor, ele sempre publica algum capítulo do livro no seu blog para seus leitores.

O que ele disponibilizou foi o capítulo 19 do livro dele e do Larry Ball intitulado Macroeconomics and the Financial System. Dado o período recente da última crise econômica mundial, os autores abordam este tema de maneira clara os mecanismos de causa e efeito duma crise financeira e como ela contamina toda a economia.

É claro que não tem só comentários sobre as causas e efeitos da crise, há também uma discussão sobre os mecanismos de "livramento" da crise, enfatizando suas virtudes de defeitos segundo os autores. 

Como não poderia deixar de ser, os autores exploram a última crise financeira mundial, conhecida como  Suprime.  Tem todo um histórico (resumido) da crise discute-se bastante os efeitos desta última grande crise de muito bem fundamentada e destaca-se aí qual seria o papel do governo em "controlar" tais mecanismos de transmissão da crise e como evitá-la.

Não vou escrever mais sobre o assunto. Aqueles que se interessarem pelo assunto, faça downloand do pdf aqui.

Eu aconselho :)