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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Trocador de Ilusões

Quem morou no interior
Ou quem já passou por lá
Deve já ter conhecido
Um mascate popular
Um caixeiro viajante
Indo a todo lugar

Conheci esse mascate
Que não vendeu nem comprou
Preferindo o troca-troca
Com muita gente “rolou”
Eu escrevo sua história
Do jeito que ele narrou

Vou mudar minha rima
Vou pedir sua atenção
Deixo de lado a sextilha
Vou narrar oita-quadrão
Não faça como o mascate
Não troque a rimação

Troquei cana por bambu
Troquei pombo por anu
Troquei cobra em teiu
Cinza troquei pelo carvão
A calma pela aflição
Troquei padre numa freira
O mercado pela feira
Troquei quadra por quadrão

Troquei raio por corisco
Troquei traço pelo risco
Dei um peixe num marisco
Troquei a sogra pelo cão
Gaiola num alçapão
Troquei Caim por Abel
Um soldado em coronel
Troquei quadra por quadrão

Troquei mudo em caolho
Dei surdo por zarolho
Troquei nariz pelo olho
O olho dei na visão
Troquei doente por são
Dei junho em abril
O ão eu dei num til
Troquei quadra por quadrão

Troquei Thatcher em Malvina
O destino eu dei na sina
Troquei o verso pela rima
Troquei bucha por canhão
Troquei sujo por sabão
Dei nelore em zebu
Uma rã dei num cururu
Troquei quadra por quadrão

Troquei burro pela besta
Um balaio dei numa cesta
Troquei quinta pela sexta-feira
Dei batizado em pagão
Troquei amor por paixão
Troquei cama pela cova
Dei dez velhas numa nova
Troquei quadra por quadrão

Troquei boteco em butique
Dei Berlim por Munique
Desmaio troquei por chilique
Troquei praga em maldição
Delfim eu dei na inflação
Troquei piau em crumatá
Francesa por alemã
Troquei quadra por quadrão

Troquei cachaça por mé
Dei Garrincha em Pelé
Troquei Tomás por Tomé
Troquei o sim pelo não
Dei Cosme por Damião
Dei o Xá por Khomeini
O capeta por Mussolini
Troquei quadra por quadrão.

O vale não troquei por nada
Mas dei numa terra sonhada
Meu coração prá uma fada
E em troca tive a lição
Ela me disse: preste atenção
Nosso amor e Itaobim
Só troque pelo céu mesmo assim
Cantando Quadra e Quadrão

Autor: Jansen Chaves

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Um deboche democrático e social

Esperei demais, já passou da hora,
adeus Jequitinhonha,
estou indo embora.
Nasci tatu e vou morrer cavando,
mas se aqui não me querem,
fico não senhor,
vou pra capital, cidade grande,
cavar minha vida num tal de metrô.
Adeus meus sete palmos deste chão,
Está tudo como o Diabo tinha programado.
Adeus Lei do Cão, estatuto enterrado,
adeus prefeito, adeus delegado,
vou dar meu voto numa chique zona,
ser saco de pancada em nobre povoado.
Arrenegado dessa divisão
(muito pão em pouca mão
e trabalhador sem fatia),
o patrão só dando ordens,
me julgando à revelia,
também virei ditador
e ordeno ao modo do impostor:
arruma a trouxa, Maria!
Se no outro 15 de novembro
carecerem de nossos votos,
eles que mandem dinheiro da passagem,
do sapato, roupa nova e coisa e tal.
A gente faz que perdeu o trem da viagem,
vota na zona de lá (perdão pela sacanagem)
e poupa o dinheiro para uma feira eleitoral

Autor: Gonzaga Medeiros

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Verso de roda

Palmatória quebra dedo
Chicote deixa vergão
Cassetete quebra costela
Mas não quebra opinião

Verso de roda de Araçuaí



domingo, 26 de outubro de 2014

Eleições 2014

Hoje é dia de eleição. Muitos ufanistas vão dizer que é o momento ápice de se exercer a cidadania, mas eu não vejo assim. Pode-se produzir grandes coisas na vida de alguma pessoa ou da sociedade sem ser época de eleição. Mas não deixa de ser uma época importante, vamos decidir quem fará nossas escolhas públicas e vai gerenciar mais de um terço da nossa riqueza arrecadada com os altos impostos.
Estarei novamente de fora desse pleito, mas peço que pensem bem em quem votar. Olhem as propostas, pense não só no seu futuro, mas também de quem ainda está crescendo ou está por vir. Busquem todas as informações possíveis e não deixem que o fanatismo, a influência de terceiros ou a troca de favores seja a única coisa a se levar em conta.
Votem bem, várias coisas estão envolvidas e, principalmente, ajam como vocês queiram que seus candidatos agissem. Leia o plano do governo dos dois candidatos e cobre aquilo que você esperava que o candidato vencedor fizesse. Fazendo isso estarão numa guinada certa rumo a um país melhor e mais digno para todos.

Boa votação a todos e, por favor, sem comentários políticos. O tempo de influenciar se foi. 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

10 anos pelo mundo

Na postagem anterior, comentei sobre a saída da minha cidade. Hoje discutirei um pouco sobre a continuação daquela história que se deu num dia como este, a chegada a Belo Horizonte. Depois de quase 12 horas pelas estradas de Minas Gerais o ônibus chega a BH e, então, dou meus primeiros passos sozinho pela aquela cidade.
O ônibus, naquela época, parava num ponto da Avenida Afonso Pena. Era uma amostra e tanto do quanto minha vida iria mudar. De uma cidade pacata e com pouca densidade populacional, me deparei com a avenida mais movimentada de Belo Horizonte. Era muita gente passado de um lado para o outro e eu feito bobo olhando aquele mar de gente seguindo seus destinos.
Bom, cheguei no ponto final da minha viagem, mas meu trajeto não terminava ali. Tinha que encontrar a casa da minha tia. Ia receber abrigo por lá e terminar o ensino médio para, quem sabe, ser aprovado num curso superior. Consegui com algumas informações chegar ao local que deveria pegar o ônibus coletivo para chegar lá, apesar de ter uma pequena confusão em compreender que o ponto de chegada era o mesmo de partida he! he!.
Depois de alguns minutos para pegar a condução, fui pedir assistência ao cobrador para me indicar qual seria o ponto de parada. Era muito embaraçoso fazer isso naquela época. Achava que pedir informação seria incomodar as pessoas. Tinha receio de comunicar com pessoas desconhecidas e durou bastante tempo para aprender a perder o embaraço. Mas fui gaguejando pedi informações e a viagem seguiu.
Parei no lugar certo, mas minha memória não estava boa o suficiente para saber o que fazer a partir dali (estive lá há três anos atrás e estava próximo a residência, mas não tinha ideia do que fazer para chegar). Liguei para minha tia e ela falou para pegar qualquer van naquele ponto e pedir para parar no hospital regional. Era o ponto de referência que eu precisava.
A primeira condução que passou eu parei ela e fiquei olhando se encontrava o hospital regional. Mas ela andava e andava e nada de eu ver o hospital. O motorista já ia percebendo que o trajeto ia acabando e eu estava lá meio inquieto sem saber o que fazer. Não me lembro direito se ele me perguntou onde eu queria descer ou se eu vi que ele já havia percebido que eu estava meio perdido e fui até ele perguntar se a van passava pelo hospital regional. Ele disse que não passava, fiquei sem saber o que fazer. Expliquei para ele a minha situação e, para minha surpresa, ao informar que estava chegando de Araçuaí, o motorista disse que também era de lá.
Depois de tamanha coincidência, fui contando minha história e ele também foi falando um pouco sobre a sua e foi me dando referências. Ambos tínhamos vínculos com o mesmo bairro da cidade e ele quebrou meu galho ao sair um pouco de sua trajetória para me deixar num caminho que era fácil chegar na casa da minha tia. Pediu como favor para mandar lembranças aos parentes dele que eu conhecia. Falei que ia fazer isso, mas não sei ao certo se fiz.
Parei no local indicado pelo meu conterrâneo e fui descendo o morro em direção à casa de minha tia. Começava então, num dia como este, há dez anos, toda a minha trajetória de ensino médio, faculdade, mestrado, doutorado, novos amigos, novas cidades, novos estados e, acima de tudo, uma vida cheia de oportunidades.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

10 anos do dia em que eu saí de casa

Hoje, exatamente hoje se completa dez longos anos do dia em que deixei minha casa e minha cidade em busca de novos horizontes na vida. Aquele fatídico, mas esperado dia mudou minha vida repentinamente e me trouxe responsabilidades que até então nunca tive, levando-me abruptamente da adolescência para a vida adulta em um dia.
Foi um dia de indecisão, pois me via prestes a me formar no ensino médio na minha cidade, mas sem muita perspectiva sobre o que fazer na vida. Meu tio Rogério que também saiu de Araçuaí para estudar vivia me dizendo para sair da cidade, era hora de crescer ou pelo menos buscar o crescimento e, para isto, era imprescindível que eu saísse da "barra da sai de minha" mãe e encarasse o mundo sozinho.
Esta decisão foi sendo adiada, o primeiro pedido foi logo ao terminar o ensino fundamental, mas não me considerei preparado o suficiente para fazer o ensino médio fora. Ainda era muito imaturo, julguei ser melhor continuar em casa, crescer e estreitar melhor meu relacionamento com minha família e a cidade antes da decisão de ir embora.
O tempo passou e, mesmo estudando numa escola com qualidade inferior, resolvi que ia melhorar meu rendimento e talvez me aventurasse num sonho de fazer um curso superior que, até então, era visto como um sonho impossível pra mim. O desafio era acumular o maior conhecimento possível no ensino médio e continuar aproveitando minha casa, família e viver meus últimos passos como cidadão araçuaiense antes de partir para o improvável. A semente estava plantada.
Ao final do ensino médio, vem a noticia que minha tia Lindaura que morava em Betim estava disposta a me acolher em sua casa para que eu terminasse o ensino médio por lá e pudesse estar mais próximo de alunos que tinham o mesmo pensamento que o meu e assim poder de fato medir meu nível de ensino. As portas se abriam, mas a incerteza e a aquela vontade de fazer as últimas despedidas pela cidade adiaram um pouco a minha ida.
Passaram-se mais dias e aos poucos sentia que a cidade podia estar ficando pequena para o que eu esperava fazer. A vida era boa, sem muito dinheiro, mas com muitos amigos e na fase que estava o dinheiro não importava muito, pois as diversões de cidade pequena eram feitas na escola, rua, rios, etc. Entretanto, aos poucos via que a maioridade ia chegando e não avistava meu futuro na cidade. O convite para mudança começara a ecoar na minha cabeça.
Comecei a comentar com meus colegas, com minha mãe e, aos poucos, ia me preparando para o que estaria por vir. Havia saído da minha cidade apenas duas vezes. Quando criança passava férias do meio do ano na casa de minha tia em Capelinha e na adolescência fui para a formatura do meu tio em Viçosa. Meu conhecimento era praticamente nulo fora da minha cidade, nem as cidades vizinhas eu conhecera até então. Estava muito cru, mas era preciso arriscar.
Consegui uma passagem para Belo Horizonte pela prefeitura da minha cidade, o alto custo da passagem de ônibus pela Gontijo estava eliminado. Liguei para minha tia, conversamos, ela me explicou como ia ser minha morada na casa dela até que eu terminar o ensino médio e depois tentar a vida pela capital. Conversei com minha mãe, ela concordou, não havia muito que fazer. Era hora de apressar as despedidas.
Era então num dia como esse, aproximadamente no mesmo horário que, há dez anos, toda minha trajetória começara a ser decidida. Bolsas arrumadas, não havia muitos bens para levar, mas havia muita esperança. Horas antes de embarcar não encontrava minha passagem, a responsabilidade ainda não havia chegado. Arrumamos um jeito, conversamos com a responsável pelas viagens que confirmou meu nome na lista. Apesar da minha imaturidade, fui salvo. Dias depois descobri a passagem no fundo de um de muitos dos meus bolsos...
Aguardava a hora da partida, havia um momento de hesitação e angustia, pois partiria rumo ao desconhecido. Despedi de minha mãe e de minha irmã que foram comigo até os últimos passos e entrei no ônibus. Não tinha volta...
Não tirava a cabeça da janela, queria ficar olhando tudo aquilo ali que fora toda a minha vida. Conversava pela janela com minha mãe e minha irmã até o motorista dá a partida. Não queria ficar pensando demais no que estava a me esperar para não ficar mais aflito do que estava. O motorista liga o ônibus, foi dada a partida. Olhei pela janela e dei tchau para minha mãe e irmã que começara a chorar, tive que parar de olhar para não fraquejar... O ônibus foi contornando a cidade rumo à rodovia, a cidade ia ficando para trás. Alcançado a rodovia, o último olhar para a cidade que sempre vivi. Era meu adeus como morador, o destino me aguardava.

domingo, 12 de outubro de 2014

Triste Cantiga de Roda

Me lembro de quando eu era criança
e saía a caçar borboletas
mesmo onde não haviam borboletas.
Ficava a contemplar o sol
que se repetia todos os dias,
clareando a seca, a fome, a preocupação.
Tinha vez que o sol esquentava tanto,
que diziam que o mundo ia pegar fogo.
Então, era preciso fazer penitência:
andar descalço até o cruzeiro,
a terra rachando de quente,
e pedir a todos os santos do céu
“uma gota dágua pelo amor de Deus”.
Mas eu era apenas uma criança
e a bola de gude era azul.
Esperava muito.
Por exemplo,
O dia em que o rio Jequitinhonha virasse mar.
Conheci o mar na escola
E, na época de cheia,
eu pensava que era o mar que já vinha.
Esperava até por mim mesmo.
Queria ser “gente grande”, ser “rei”.
Cresci, sem este poder.
As notícias de jornais foram mais fortes
e foi através dos jornais
que descobri que morava no “Vale”,
a região mais pobre do país
e que não éramos tão civilizados.
Ganhamos então a energia elétrica, o DDD, o asfalto.
E o “Vale” está em progresso!
Mas os jornais esquecem de noticiar
que todos os dias à noite,
as crianças não brincam mais de roda, Maria Buscambeira
e outras coisas mais.
As praças estão silentes
escondendo uma lua
que a TV se encarrega de ofuscar.
Basta!
Não precisamos mais visitar o vizinho,
contar casos de lobisomen
e brincar nos escales.
No Vale do Jequitinhonha,
os peixes não nadam mais
como antigamente

Autor: José Machado de Mattos

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Último Parto

Minha mãe trouxe de Araçuaí, 
no boi da canoa, 
uma linda criança. 
Descera nas águas claras 
daquele rio, 
onde o sol lumiava 
as mãos e os remos dos canoeiros. 
A água azul 
tingia a pureza do meu pai 
e nós, no lajedo, doidos para vê-la, 
cada um primeiro que o outro. 
Eu vi primeiro, gritávamos. 
E a tarde mostrou seu nome, 
nome de vida, nome de santa: 
Maria Efigênia. 
Depois, Fija, Efi e tia Fija. 
Ficou menina caçula sorrindo branco 
a luz clara dos seus olhos verdes. 
E será sempre caçula 
bebendo água na concha da mão 
e brincando de guisado no fundo do quintal. 
Será sempre Fija, 
“sempre-viva”, 
sempre o sempre 
neste eterno em que a vida promete, 
um dia, as asas da sombra. 
Será,talvez, a última 
a contar a nascente da mina dágua 
na beira do barranco. 
Será a última (quem sabe) 
a contar o sabor de um colo. 
Será minha mãe, 
me ensinando como a outra mãe, 
ensinando pra seu outro filho, 
o labutar da vida. 
Será mesmo a mama 
dos manos unidos 
naquele cordão enterrado, 
cortado a tesoura, 
a única sem parto de vovó Isaura 
porque a última. 
Será quando o tempo nos trouxer 
“saudades”

Autor: José Machado de Mattos

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Vale do Jequitinhonha - um estudo poético

São 52 cidades perdidas no sertão mineiro, 
Esse imenso latifúndio. 

Na extremidade nordeste do Estado de Minas Gerais 
(onde a miséria e o convívio 
com os mortos é uma paisagem 
mais árida que a terra e o 
estigma ancestral dos 
retirantes) 
(onde a noite encontra 
os homens insepultos no cansaço 
das glebas, vertendo fome das veias 
agrárias entrecortadas de silêncios 
lacaios) 

Vale onde vale 
quem tem 
e um rio corre manso, dando nome 
à terra, 
rio que o homem acompanha com os olhos vazios 
de solidão 
e a alma doente de infelizes 
sem olhos para o dia

Autor: Wesley Pioest

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Os versos da nossa Lira

Os versos da nossa Lira
(Tadeu Martins)

Com barro Deus fez o homem
À sua imagem e semelhança
Com barro ELA faz arte
Desde os tempos de criança
ELA retrata a vida do povo
Em artesanato, canto e dança

ELA não foi encontrada
Nas redes de um pescador
Mas se parece com a Santa,
Em coragem, pureza e cor
Na luta para colocar peixes
Na mesa do trabalhador

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Jequitinhonhês - o dialeto do Vale

Acima do paralelo 18
Do nosso globo terrestre
Fica uma região de Minas
Uma terra bem campestre
Lá conheço um político
Que quis dar uma de mestre.

Na cidade de Itaobim
Bem no nordeste mineiro
Foi que esse caso se deu
Num esforço derradeiro
É sobre as Ilhas Malvinas
Essa guerra do estrangeiro.

Num discurso do político
Ao assunto ele refere
Tinha proposta de paz
Pra Leopoldo Galtieri
Pois o acordo tava mais lento
Do que veio de beribéri.

“Eu proponho ao General
Acabar com essa zona
Manda o exército voltar
Dá pra ele uma carona
E como a guerra ta no mar
Entregue logo o mar-à-dona”.

“Ou então o senhor e a Margareth
Dá um chega aqui em Minas
Ela representa os ingleses
E o senhor as argentinas
E nós muda o nome das ilhas
Pra Malk-land ou Falk-vinas”.

“E olhe que o encontro com dona Tatcher
É uma coisa que adianta
Pois Margareth é sensual
Com vestido ou com manta
Pois ela entra no Parlamento
E todo membro se levanta”

“E para terminar
Veja bem este enfoque
Põe um som tocando tango
E no outro deixa roque
Pede ao povo das Malvinas
Escolher pelo seu toque”.

“Rogo, parem com a guerra
Pela Santa Catarina
Pois todo dia em meu buteco
Tem a maior quebrantina
Das batatinhas inglesas
Com as maçãs argentinas"

Urubu não chupa cana
Língua de sogra não tem peçonha
Cantador pra ter coragem
Não precisa ter vergonha
Vou cantar a minha terra
Vale do Jequitinhonha.

Nossa língua é diferente
Quando eu falo você nota
Resfriado é difruço
Nome de rã é caçota
Quilo e meio pra nós é prato
E carro de mão é galinhota

Autor: Tadeu Martins

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O 31° FESTIVALE será realizado em Araçuaí

Neste ano a cidade de Araçuaí sediará o principal evento de cultura popular do Vale do Jequitinhonha. O XXXI Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha (FESTIVALE ) será realizado entre os dias 29 de junho e 5 de Julho em Araçuaí. O evento tem tudo para ser um sucesso, pois a cidade já conta com grande quantidade de grupos e artistas populares para a realização do evento, além de ser uma das cidades de maior porte do Vale do Jequitinhonha e contar com relativa boa estrutura para sediar o FESTIVALE.

Será uma ótima alternativa para quem está de férias e resolveu não se arriscar a assistir de perto os jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014 realizado nas principais capitais do Brasil. Para conhecer melhor um pouco da história do FESTIVALE, acesse este link

Principais pontos turísticos:
  • Feira municipal realizada aos sábados aqui.
  •  Associação dos Artesãos de Araçuaí aqui.
  • Cooperativa Dedo de Gente aqui.
  • Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos aqui.
  • Prédio da antiga estação ferroviária Bahia & Minas aqui.
  • Chapada do Lagoão aqui.
  • Encontro e travessia dos rios Araçuaí e Jequitinhonha aqui.
  • Aldeia Cinta Vermelha Jundiba aqui.
Artistas e grupos populares:
  • Coral Trovadores do Vale (link)
  • Coral Nossa Senhora do Rosário (link)
  • Coral Araras Grandes (link)
  • Coral Santa Tereza
  • Coral do Arraial dos Crioulos de Araçuaí (link)
  • Coral Meninos de Araçuaí (link)
  • Coral Bem-te-vi 
  • Grupo Vozes de Teatro (link)
  • Grupo de Teatro Ícaros do Vale (link)
  • Grupo de Percussão Conexão Afro Quigemm (link
  • Lira Marques (link)
  • Dona Zefa (link)
  • Dona Generosa 
  • Luciano Tanure (link)
  • Josino Medina (link)
  • Joana Dárc
  • Dêner Pinheiro (link)
  • Luiz Paulo Neres (link)
Realização do FESTIVALE no ano de 1984 em Araçuaí:
  • Festivale de 1984 em Araçuaí, MG - Vídeo

Realização do FESTIVALE no ano de 2006 em Araçuaí:
  • Festivale 2006, Araçuai, MG - Parte 1
  • Festivale 2006, Araçuai, MG - Parte 2
Distância aproximada aos principais centros (Km):
  • Belo Horizonte: 696 por Teófilo Otoni e 606 por Diamantina
  • São Paulo: 1.221 passando por Belo Horizonte e Teófilo Otoni
  • Rio de Janeiro: 956
  • Brasília:  1025 por Montes Claros e Salinas
  • Vitória: 778
  • Salvador: 820 
Principais rodovias que servem ao município:
  • BR-367, BR-342, LMG-676, LMG-678 e BR-116 (passa próximo ao município) 
Consulte passagens de ônibus no site da ANTT aqui. A cidade não possui aeroporto com voos regulares, mas os aeroportos com voos regulares mais próximos são os das cidades de Montes Claros, Vitória da Conquista e Ipatinga/Governador Valadares. Dependendo do local de saída, pode ser vantajoso pegar avião até Belo Horizonte e ir de ônibus ou carro para Araçuaí.  

Participem deste grande evento de manifestação popular e tenha a chance de conhecer o Vale do Jequitinhonha em todos os seus pormenores. Serão mais que bem-vindos na cidade onde nasci e cresci. Quem for lá não vai se arrepender. Página do evento no facebook aqui



sábado, 19 de abril de 2014

Sobre a política de cotas para negros no Brasil

Muito tem se debatido sobre as recentes políticas de cota para afrodescendentes (indígena também entram, mas como existem em menor número, não são objetos de discussão) no Brasil e gerado bastante polêmica entre os que podem e que os não podem beneficiados pela política. Do ponto de vista do problema, ele existe e está escancarado pelo Brasil. É só você fechar os olhos e imaginar um lugar majoritariamente (quase 100%) dominado por negros e não negros, os negros vítimas da escravidão se refugiaram principalmente em quilombos e lugares menosprezados pela elite branca da época e que hoje conhecemos como favelas enquanto que um lugar onde dificilmente você vai encontrar algum negro seria nos bairros mais de classe alta de qualquer cidade grande.
Não tem como negar que esta realidade é consequência das políticas de discriminação e segregação da elite dominante de épocas passadas que controlavam o governo e engendravam políticas restritivas que visavam sua manutenção do poder político e econômico. Aos antepassados negros foram negados os direitos a propriedade privada, educação pública e, por um longo período de tempo, a liberdade individual (leia aqui, aqui e aqui).
Uma das consequências mais perversas da escravidão foi que a diferença entre o capital humano (sentido econômico) do negro e do branco foi ampliando ao longo do tempo. Havia brancos pobres, mas estes não tiveram restrições tão severas quanto a dos negros no que diz respeito a possibilidade de ultrapassar a pobreza. Boa parte da população branca que não ascendeu socialmente dividiu os mesmos lugares frequentados que os negros, criando um grande processo de miscigenação no Brasil. Talvez essa seja a razão de incluir pessoas pardas como cotistas, seus antepassados (brancos, índios e amarelos com negro) viveram situação semelhante.
Sou contra os argumentos que citam italianos, alemães, japoneses e outros vindos aqui para o Brasil em condições ruins como argumento que desmerecem as cotas raciais. Suas condições eram ruins, mas não foram nem de perto mais restritivas do que a dos negros, basta visitarem um bairro majoritariamente de descendentes desses povos e compará-los com os habitados por maioria negra.
Posto isso, é inegável que o negro sofreu discriminação no passado e que as consequências ecoam até nosso tempo. Não é muito difícil enxergar isso quando visitamos uma periferia e um bairro de classe alta. A probabilidade de alguém que nasceu numa família negra ser pobre é muito maior do que numa família predominantemente branca. Posto isso, o problema existe e não é fruto da aleatoriedade, falta de esforço, habilidade ou sorte.
A sociedade então tem o dever de reparar os negros? As cotas estão aí para solucionar este problema? Minha resposta é não para ambas as perguntas. A primeira é impossível, quem sofreu com escravidão, teve o direito a propriedade da terra negado e sofreu com a segregação mais severa está morto e não temos como ressuscitá-los para que possam ter uma vida melhor (homens como este aqui não voltarão a vida). Foi uma página horrível na história e não temos como mudá-la. A segunda em certo ponto ajuda a resolver o problema da mobilidade social, mas não é a maneira mais efetiva e cria desequilíbrios entre os pobres cotistas e não cotistas.
Se a sociedade hoje é racista eu não sei, mas sei que exames de admissão em universidades e concursos públicos não são racistas. As pessoas fazem as provas e quem somar o maior número de pontos entra na vaga, independentemente de cor, sexualidade, religião, etc. Os exames acabam sendo reflexo da falta de oportunidade lá no início da formação da pessoa e os mais afetados são os negros pelas razões já expostas. Na época que surgiu a cota, dois colegas brancos e eu disputávamos vagas em universidades pelo PROUNI e só eu tinha o “bônus” a mais pela cor (o sistema não é só para descendentes, mas tem que ter cor semelhante aos antepassados negros), mas me via em condições praticamente iguais a eles para competir pelas vagas. Todos conseguiram uma vaga e, mesmo sem o benefício da cota, consegui entrar numa excelente instituição (me vangloriando um pouquinho, consegui a melhor nota entre os três).
Dito isto, onde está o problema que tem excluído tanta gente negra do acesso aos melhores centros de ensino do país? O problema está no ensino básico que é pouco valorizado no país, mas que é causa das grandes diferenças no conhecimento entre ricos e pobres, independentemente da cor. Como os negros estão majoritariamente na parcela pobre da população, são os mais afetados pela má qualidade no ensino. Este ciclo pernicioso permaneceu por longos tempos e as cotas surgiram como remédio para a falta de negro nos melhores centros de ensino.
Aí está o problema das cotas raciais, para resolver um problema origina-se outro, visto que também existem brancos (mesmo que em minoria) na mesma situação da maioria negra. Essa política pode ter resultados positivos no longo prazo, pois ao forçar a mobilidade social através de cotas raciais, os filhos dos negros beneficiados nascerão em melhores condições para disputar os melhores postos no mercado de trabalho. Porém, ela age perversamente ao diminuir as chances dos não cotistas na mesma condição poderem ultrapassar a pobreza. Então esta política, mesmo que bem intencionada, gera distorções e fica mais caracterizada como assistencialismo, pois não resolve o problema da falta mobilidade social de forma efetiva no Brasil. O problema existe e tem que ser combatido, mas a solução está longe de gerar concordância na sociedade e, levando para o economês, não é um ótimo de Pareto (melhor escolha entre as oportunidades possíveis).
Creio (não fiz um estudo) que um ótimo de Pareto nesse caso poderia ser o governo privilegiando menos o ensino superior e direcionando uma maior atenção para o ensino básico gratuito que é onde estão as camadas mais pobres da população. Uma solução poderia ser privatizar (ou cobrar mensalidades de quem tem condições de pagar) as grandes instituições públicas com a condição de reservar vagas para estudantes carentes (como acontece com o PROUNI) ou continuando na administração, porém cobrando mensalidades de quem tem condições de pagar (uma forma mais ineficiente, mas com menos danos políticos). Fazendo isso, sobrariam mais recursos para investir na educação básica que é a maior causa da baixa mobilidade social entre os pobres e onde se concentra a maioria dos afrodescendentes. Longe de pensar que o problema se resolveria com mais recursos, o que sugiro é a mudança de foco do Estado e da sociedade.
O problema é que políticas que investem na educação de base têm seus efeitos percebidos num horizonte maior do que o mandato dos políticos. As cotas são políticas que têm efeitos perspectiveis também  no curto prazo e os políticos podem usar como plataforma eleitoral. Privatizar as universidades públicas pode ter um grande custo político (nosso país é muito atrasado culturalmente quando o assunto é privatização) enquanto investir na educação de base gera poucos benefícios (crianças não votam).
Os governantes podem até estarem bem intencionados, mas boa intenção não basta para resolvermos nossos problemas como é mostrado pelo economista Walter Williams neste vídeo e a promoção da igualdade de oportunidade é comentada pelos economistas Milton Friedman, Thomas Sowell e Michael Kinsley neste vídeo.
Perdemos uma oportunidade histórica de dar a essa população condições de lutar por forças próprias ao libertá-los. Poderíamos distribuir terra entre os recém libertos, época melhor para uma reforma agrária nós jamais teremos. Naquela época a posse e a produção na terra era muito importante economicamente, enquanto que hoje o capital humano é mais importante (por isso a ideia de reforma agrária foi ultrapassada pela reforma na educação). Sem estudo, profissão e auxílio, os negros saíram da escravidão para cair no desemprego. Os afrodescendentes (independentemente da cor da pele) não precisam de reparação histórica, precisam de melhores oportunidades.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Eu não mereço ser enganado pelo IPEA

Que vergonha que uma instituição como o IPEA publique uma pesquisa tão tendenciosa, enganando o cidadão brasileiro. A pesquisa contém diversos erros como viés amostral (66% eram mulheres) e chega-se a uma conclusão que não cabe a uma pesquisa feita por amostra. Quem garante que o resultado seria igual se a pesquisa fosse feita com uma amostra diferente? Principalmente se for de fato representativa da população (48,5% de homens e 51,5% de mulheres) e aleatória (visitaram domicílios em horário comercial onde com certeza a maioria são mulheres de baixa escolaridade).
Sem contar que ativistas sem noção tirando conclusões precipitadas: "Eu não mereço ser estrupada porque estou semi-nua" porque numa das perguntas "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas" 43% responderam que concordam totalmente e 22,4% concordam parcialmente. É claro e evidente que ninguém merece ser vítima de estupro por nenhum motivo, mas não é isso que essa pesquisa mal feita está retratando. Além de estar enviesada (o que torna inócuo os argumentos), as outras perguntas são respondidas em sentido contrário como a que 91,4% concordam que “Homem que bate em mulher tem que ir para cadeia”. Não é contraditório que uma amostra seja contra a violência contra a mulher e seja conivente com estupro por causa de pouca roupa? 
Isto só corrobora o tanto que esta pesquisa foi mal feita, pois apresenta respostas inconsistentes, mas o que mais deixa indignado são pessoas que devem ter como eu um mínimo de conhecimento sobre pesquisa chegarem a conclusões tão esdrúxulas. Depois de tanto estudar o papel de instituições no desenvolvimento econômico das nações eu vejo um retrocesso desse, chega a ser desolador. Será que estamos regredindo? Espero que não.
Quanto a questão do estupro, os estupradores não são as pessoas que responderam à pesquisa. Não adianta ficarem levantando plaquinhas para eles porque são doentes e não tem compaixão pela vítima, do contrário, não seriam estupradores. Tem mais, grande parte das vítimas de estupro são menores de idade, ou seja, estupro parece está muito mais correlacionado com a vulnerabilidade da vítima e não com a peça que usa ou deixa de usar no seu corpo.
Por fim, pelo menos espero que essa idiotice se transforme em algo bom como o diálogo entre famílias e com as crianças nas escolas. Pessoas que usam redes sociais já tem suas mentes transformadas, não adianta tentar educar eles, eduquem as crianças. Aos estupradores em potenciais, infelizmente só podemos cobrar penas severas e maior vigilância pela polícia em locais vulneráveis. E as mulheres cuidado aonde andam e com quem andam e em quem confiam. Nunca é demais pedirem para não ficarem expostas, suas roupas não vão mudar em nada se um estuprador te ver sozinha e vulnerável.
Abomino o estupro e não quero isso para minha mãe, irmãs, sobrinhas, primas, tias, amigas e mulheres em geral. Mas não posso concordar com uma pesquisa tendenciosa como essa que deturpa as causas principais dos estupros e servem para inflar o ódio de grupos feministas contra uma sociedade que sempre foi desfavorável ao estupro (todos sabem o que acontece com estupradores na cadeia).        

sábado, 1 de março de 2014

Onde foi que eu errei?

Depois de entrar na pós-graduação em Economia fui introduzido nas ferramentas de análise matemática que servem sobretudo para auxiliar nas demonstrações de teoremas. De tanto penar para tentar aprender esta técnica e enfim estar preparados para provar os principais teoremas da ciência econômica, eis que me pego a errar um resultado em uma prova. Quase fui ao desespero, pois pensei ter demonstrado o resultado mas o professor apontou alguns errinhos na demonstração e fiquei a pensar num diálogo inspirado numa música da dupla sertaneja Leandro & Leonardo que lembrava minha situação. Onde foi que eu errei professor?

Onde foi que eu errei?

O que foi que fiz?

Eu preciso saber…

Não deixei de demonstrar

Não inventei nem omiti

Não pulei qualquer resultado…

Me ajude eu não posso aceitar que errei

Sem saber a razão…

Muito hilário a situação, fazer uma prova e não saber se a maneira que fez foi a correta, afinal existem várias formas de desenvolver uma demonstração. Mas ainda há esperança, um dia vou dominar esta técnica...
Segue o vídeo da música que me inspirou rsrs


Anpec 2014: Relação candidato/vaga

Como vejo pelas estatísticas deste blog que existem muitas pessoas buscando pelo assunto candidato/vaga no exame da ANPEC, resolvi disponibilizar o ano de 2014. Quem sabe, para quem gosta de estatística, sirva para alguma coisa no futuro? A relação candidato/vaga de 2014 encontra-se aqui.