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terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Selic e sua importância para a economia brasileira

Quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) se reúne para decidir uma meta para a taxa Selic, todos no mercado ficam apreensivos a respeito da decisão de subir, reduzir ou manter estável a Selic até a próxima reunião do comitê.

Os jornais dão maiores ênfase a esta taxa e tanto os especialistas no assunto quanto os leigos passam a dar maior importância a Selic nestes dias. Não é para menos, é através desta taxa que o Copom “controla” a inflação, atividade econômica, crédito e outras variáveis cruciais que impactam no futuro do país e no nosso bem-estar.

Passada a reunião a Selic fica meio que esquecida do cotidiano das pessoas comuns e talvez devido a esta sazonalidade, poucas pessoas compreendem efetivamente o significado que uma decisão do Copom acerca da Selic afeta o dia-a-dia de cada um deles.

A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é a nossa taxa de juros básica da economia e serve de referência nos contratos entre poupadores e tomadores de empréstimo. É a taxa de financiamento no mercado interbancário para operações de um dia, ou overnight, que possuem lastro em títulos públicos federais e são negociados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia.

Por ser uma taxa lastreada em títulos públicos e de curtíssimo prazo, a Selic acaba refletindo o risco do governo, que é mínimo, e serve como base para as outras taxas que os bancos aceitam receber como remuneração do seu capital. Como os bancos são majoritariamente os intermediários entre poupadores e tomadores de recursos, a Selic também serve como a taxa básica para toda a economia. 

A razão é simples, numa operação em que um tomador aceita pagar uma taxa menor ou igual à Selic, seria melhor aplicar o dinheiro em títulos públicos (que pagam aproximadamente o mesmo que a Selic e é livre de risco) do que emprestar o dinheiro num negócio que pagaria a mesma taxa (ou aproximadamente), mas que o tomador corre os riscos inerentes ao negócio e pode vir a não poder honrar o compromisso.

Então, quando dizemos que a Selic serve como a taxa básica de juros, o motivo está na sua concepção de ser uma taxa amplamente usada e livre de risco. Logo, a remuneração que qualquer emprestador de última instância irá requerer do seu capital, equivale à taxa Selic mais o risco que o tomador tem de não poder pagar pelo empréstimo.

É através deste mecanismo de “contaminação” dos juros que a Selic é tão crucial nas nossas vidas. Com a Selic num patamar baixo, o custo do empréstimo fica mais barato e tanto as firmas quanto os indivíduos tendem a contrair mais empréstimos. No caso das firmas elas podem expandir a capacidade instalada, investir em novos negócios e investir em novos equipamentos e os indivíduos contraem mais empréstimos para adquirir bens e serviços. 

O efeito de um corte na Selic é evidentemente expansivo para a economia, mas tem que se tomar cuidado com esses efeitos. Se a atividade econômica situa-se no pleno emprego (situação em que todos os fatores de produção estão plenamente empregados) ou acima dele, um corte na Selic terá efeitos inflacionários. 

A razão disso é que as firmas estarão produzindo na sua capacidade máxima e com a facilidade de crédito, a demanda por produtos e serviços mantém-se alta e as firmas sobem os preços para ajustarem-se a nova quantidade demandada em virtude do superaquecimento da economia. 

Este efeito pode durar muito tempo se a economia continuar superaquecida e estaremos assim numa economia que toda a expansão do crédito poderá refletir-se em aumentos de preços. Inflação alta e persistente corrói o sistema de preços e causa instabilidade econômica, como aprendemos durante um longo tempo da história deste país e sabendo disso será prudente que o Copom opte por aumentar a Selic.

O aumento da Selic terá efeito contrário a uma expansão, mas se a atividade econômica estiver acima da de pleno emprego, este aumento do custo do empréstimo poderá ter efeitos benéficos ao diminuir o ritmo de expansão do dinheiro e fazendo com que a economia volte ao nível de pleno emprego (que é o máximo sustentável que se pode alcançar).

Logo, aumentar ou reduzir a nossa taxa básica de juros terá efeitos importantes sobre a atividade econômica e consequentemente sobre o presente e futuro de cada habitante deste país ao determinar o nível de emprego/desemprego. É claro que se a taxa vigente for àquela condizente com o pleno emprego, o Copom poderá decidir sobre a manutenção da Selic ao nível atual.       

Com este texto simples e mesmo que incompleto eu quis passar um pouco da importância que a decisão desta semana do Copom sobre a meta da taxa Selic terá sobre as nossas vidas. Espero que tenha clareado um pouco sobre este assunto “obscuro” que não é tratado com a devida importância pelos nossos meios de comunicação.     

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